Vantagens e desvantagens do Teletrabalho – Home office
BY: Mônica Girão
Psicologia / Saúde Mental
Comments: Nenhum comentário
Por: Mônica Girão
Engraçado para mim escrever sobre o home office hoje, pois foi meu tema de Trabalho de Conclusão de Curso em 2012, onde o tema era ainda pouco abordado, poucos livros falavam sobre, mas já se despertava um novo olhar para esse campo de trabalho.
Vem comigo que vou compartilhar passo a passo com vocês o meu TCC e vou fazer alguns complementos para o tempo de hoje, afinal atualmente em tempos de COVID 19, é que estamos vivendo intensamente esse modelo de trabalho. Serão abordados inicialmente os conceitos e modalidades do teletrabalho e em seguida suas vantagens e desvantagens para o trabalhador, para as empresas e para a sociedade, fazendo-se uma análise, inclusive, das reformas trabalhistas recentemente aprovadas no Brasil.
INTRODUÇÃO
O mundo atual tem sido impactado por transformações tecnológicas que se refletem nas relações de emprego. Tal contexto tem conduzido, inclusive, ao surgimento de tipos de trabalho que são realizados fora do escritório, utilizando-se dos recursos avançados das telecomunicações para as diversas interlocuções necessárias ao desenvolvimento das atividades. O patamar atual foi surgindo paulatinamente ao longo da história, a partir dos crescentes desenvolvimentos técnico-científicos alcançados.
Segundo Castro (2008) as relações de trabalho na Grécia Antiga se desenvolviam de forma desestruturada. O cultivo da terra assumiu grande importância e era feito por escravos. A aristocracia ateniense formada pelos eupátridas, que eram os cidadãos, nutria grande aversão a qualquer espécie de trabalho manual, voltando-se para as atividades exclusivamente políticas, intelectuais e artísticas. Para exercerem a política necessitavam do ócio (schóle), ou seja, de tempo livre, e para tal contavam com escravos que para estes trabalhassem para si.
Na Idade Média ainda não havia a noção de emprego. Segundo Junkel, Ribeiro e Rascoe (2012), naquela época surgem as corporações, num período que pode ser considerado o período áureo do artesanato, devido ao grande desenvolvimento que estava havendo em todas as atividades produtivas (mecanização, fábricas, construção de pontes, estradas e canais, intensificação do tráfico marinho, etc). Havia muitos centros urbanos (Veneza, Milão, Florença…) com feiras e mercados intensos, onde os artesões vendiam os artigos fabricados em família. Surge a necessidade de associação entre ajuda e defesa, e esses artesões, junto com pequenos comerciantes, se agrupam em oficinas de arte e ofício, em torno dos mestres.
No Renascimento, existiam várias empresas familiares que vendiam uma pequena produção artesanal, todos os membros da família trabalhavam juntos para vender produtos nos mercados; não podemos falar de emprego nesse caso. Além das empresas familiares, havia oficinas com muitos aprendizes que recebiam moradia e alimentação em troca e, ocasionalmente, alguns trocados. É por essa época que começa a se esboçar o conceito de emprego.
Com o advento da Revolução Industrial ocorre a concentração dos meios de produção. A maior parte da população não tinha nem ferramentas para trabalhar como artesãos. Sendo assim, restava às pessoas oferecer seu trabalho como moeda de troca. É nessa época que a noção de emprego toma sua forma. Surgem abordagens técnico-científicas para tratar adequadamente as relações trabalhistas.
Nas considerações da Administração Científica de Taylor, por exemplo, a organização é comparada a uma máquina, que segue um projeto pré-definido; a qualificação do funcionário passa a ser supérflua em consequência da divisão de tarefas que são executadas de maneira monótona e repetitiva e, finalmente, a administração cientifica faz uso da exploração dos funcionários em prol dos interesses particulares das empresas (SOUSA, 2008).
O desenvolvimento tecnológico e econômico levou as nações a intercambiarem mercadorias e informações em uma intensidade nunca antes vivenciada pela humanidade. Surge o conceito da globalização que não ficou restrito a um processo exclusivamente econômico. O final do século XX e o início do século XXI marcam o começo do que está sendo chamado de era da informação. Trata-se de uma época histórica na qual as informações são transmitidas para o maior número de pessoas e empresas de uma forma quase instantânea. Segundo Piletti N. Piletti C. e Tremonte (2012) em nenhum outro período da História as pessoas tiveram acesso a tantas informações.
Ainda segundo os mesmos autores, a era da informação se caracteriza uso cada vez mais intenso e amplo do computador, individualmente ou em rede. Milhões de informações circulam hoje com enorme rapidez por meio de cabos telefônicos, satélites artificiais e fibras ópticas, interligando computadores de cidadãos e de empresas do mundo inteiro. Por isso a palavra rede (net) tornou-se um dos símbolos do nosso tempo.
A partir desse novo contexto da globalização, que incorporou grandes transformações – em especial após a década de 1970 na esfera econômica e na organização social do trabalho – o parâmetro tempo adquire diferentes formatos. Novas categorias profissionais podem ser pensadas a partir de concepções que privilegiam formas de organização do trabalho tidas como flexíveis, nas quais se pode perceber uma clara distinção de modelos fordistas que exigiam um grande controle externo e numerosa concentração fabril. Neste sentido, Alemão e Barroso (2012), afirmam que outras formas de interação social passam a ser estabelecidas. Ocorre um processo de intensa reorganização das interações entre os indivíduos a partir da construção de novos conteúdos simbólicos, por exemplo, a questão do autocontrole do trabalho efetuado pelo próprio trabalhador e as relações baseadas na confiança.
A motivação maior deste trabalho está associada, portanto, ao fervilhar tecnológico vivenciado pela geração atual, no qual o padrão convencional das relações de trabalho perde crescentemente os seus referenciais. As tradições trabalhistas que levavam relações presenciais perdem os seus vínculos, conduzindo patrões e empregados a refazerem os processos produtivos alicerçados em novos padrões de confiança que buscam explorar o potencial criativo, mola mestra dos diferenciais buscados em um mercado extremamente competitivo.
Considerando que é um tema novo e que gera muitas discussões, objetiva-se, portanto, neste artigo, analisar as vantagens e desvantagens do teletrabalho, que usufrui do avanço tecnológico citado, buscando-se responder à seguinte questão: o teletrabalho – home office contribui para a qualidade de vida do trabalhador?
Percebem que o tema que por mais que seja “novo” ele tem muito pano para manga? Em 2012 quando escrevi era pouco abordado e a regulamentação ainda não era aprovada, quando fiz meu MBA em Gestão estratégicas de pessoas em 2017 abordei o mesmo tema do TCC da faculdade para aprofundar a pesquisa, e acrescentar um pouco sobre a reformas trabalhistas recentemente aprovadas no Brasil. Veremos mais nas publicações a seguir, enquanto isso me falem o que estão achando do tema e qual a percepção inicial de vocês diante do home-office.